Em edição revista e atualizada, lançada em um box com outro livro (1968 – O que fizemos de nós), 1968 – O ano que não terminou, do jornalista Zuenir Ventura, é um clássico jornalístico que recupera um período único na história mundial, o ano de 1968. O novo lançamento celebra as quatro décadas do ano em foco e duas décadas do lançamento da primeira edição. Estão presentes os fatos mais marcantes, com destaque ao cenário político, cultural e comportamental do país: iniciado em um célebre réveillon, cheio de esperanças e promessas, e que não terminou em 31 de dezembro, mas no dia 13, quando foi decretado o Ato Institucional nº5.
1968 – O ano que não terminou mostra todos as formas de resistência à repressão e os bastidores das forças armadas, demonstrando a ascenção gradual da influência da linha dura do exército no governo de Costa e Silva a cada ato considerado de conotação comunista ou subversiva.
A resistência ao governo militar que recebe maior atenção é o movimento estudantil. Os radicais estudantes brasileiros, inspirados por autores marxistas, realizaram feitos impressionantes – como a grande mobilização popular causada pela morte do secundarista Édson Luís, em um enfrentamento entre estudantes e a polícia, e a famosa Passeata dos Cem Mil. A atuação dos principais líderes – figuras influentes na política atual como Vladimir Palmeira, Franklin Martins e José Dirceu – também recebe tratamento cuidadoso. Esses líderes representavam diferentes correntes políticas, resultado de uma cisão que havia na esquerda brasileira da época: havia a ala reformista, o chamado “Partidão”, e os revolucionários.
Os eventos culturais mais marcantes no país são retratados com detalhe, dando atenção cuidadosa às repercussões causadas por cada um deles. O III Festival Internacional da Canção tem sua história contada detalhadamente, com destaque ao segundo colocado – Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores, de Geraldo Vandré –, o favorito dos espectadores, por se tratar do “hino nacional perfeito” e a Marselhesa brasileira, segundo Millôr Fernandes. A peça teatral Roda Viva, de Chico Buarque, é outra tratada como esmero, por ser “o grande escândalo cultural do ano”.
Zuenir conta toda a movimentação nos bastidores que resultam na edição do AI-5 – que teve como justificativa o discurso do deputado Márcio Moreira Alves, considerada uma afronta aos oficiais militares –, transformando a “revolução” em uma ditadura com todas as letras.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
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Um comentário:
Uns caçam luz, outros caçam fatos. Caçam dentro de si, procuram, trabalham e solta como luz. Pronta. Dai entra os outros caçadores.
Você é sensacional em tudo que escreve.
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